O Estoicismo e a Alimentação

Deixamos aqui 16 conselhos de Sêneca sobre como se alimentar melhor.

O que temos a aprender com este coerente filosófico?

Sêneca foi filósofo, escritor, advogado, orador, dramaturgo, estadista romano, conselheiro e o principal representante romano do estoicismo.

O estoicismo possui duas consequências éticas: uma é que a pessoa deve viver conforme a natureza, e a segunda é que um homem sábio torna-se livre e feliz quando não se deixa escravizar pelas paixões e pelas coisas externas. O novo estoicismo desenvolveu-se em Roma e está ligado a três grandes nomes: Sêneca, Epitecto e Marco Aurélio (inclusive Marco Aurélio já praticava a meditação).

Esta filosofia de vida ensina como separar o que pode controlar do que não pode e nos treina a apenas nos concentrarmos no que está sob nosso controle.

O estoicismos como filosofia de vida torna seus praticantes menos emocionalmente reativos, mais conscientes do presente e mais resilientes. A filosofia estóica ensina a agir, e não falar.

"Nada é suficiente para quem muito é pouco."

Sêneca em suas "Cartas a Lucílio" propunha o desenvolvimento do autocontrole, pois considerava que um ser humano que vive em função da razão é mais feliz.

Sêneca apesar da robustez financeira da sua família, valorizava a simplicidade das coisas. Vivia modestamente, bebia apenas água e comia pouco. Não que tenhamos que copiar na integra o seu modo de viver, mas convém refletirmos sobre os seus ensinamentos, principalmente nos dias de hoje onde as pessoas vivem uma relação conturbada com a comida, bebida e por consequência com a saúde.

1. Cuide do seu corpo. Sua vida depende dele.

“Devemos nos conduzir não como se devêssemos viver para o corpo, mas como se não pudéssemos viver sem ele.”

— Sêneca, Carta 14, Trecho 2

2. Uma mente saudável depende de um corpo saudável.

“O sábio, que procura sabedoria, está intimamente ligado ao seu corpo”

— Sêneca, Carta 65, Trecho 18

3. Não exagere. 

“É um sinal de gula brincar com muitos pratos; pois quando são múltiplos e variados, eles enfastiam, mas não alimentam.”

— Sêneca, Carta 2, Trecho 4

 

“Apegue-se, pois, a esta regra sadia e saudável da vida – satisfaça seu corpo apenas na medida em que for necessário para a boa saúde. O corpo deve ser tratado mais rigorosamente, para que não seja desobediente à mente. Coma para aliviar a fome, beba para saciar a sede e nada mais que isso.”

— Sêneca, Carta 8, Trecho 5

Este conselho encaixa-se perfeitamente nos dias de hoje; para que as pessoas comam apenas quando estão com fome, bebam água para matar a sede e procurem alimentos que de fato irão nutrir o corpo.

O objetivo da comida é de fornecer nutrição e não entretenimento.

4. Não sobrecarregue o corpo com excesso de comida.

“Além disso, ao sobrecarregar o corpo com comida você estrangula a alma e a torna menos ativa. Assim, limite o corpo, tanto quanto possível, e permita total liberdade ao espírito.”

— Sêneca, Carta 15, Trecho 2

5. Não deixe a fome te controlar.

Mesmo tendo sido chamado pela fome, Sêneca não deixava de absorver a leitura do livro que estava lendo:

“A luz do sol me chamou, a fome deu sinal, e as nuvens baixaram; mas absorvi o livro do começo ao fim.” 

— Sêneca, Carta 46, Trecho 1

6. Não coma mais do que precisa apenas porque pode.

“O mestre come mais do que ele pode, e com monstruosa ganância carrega seu ventre até este ser esticado e por fim impossibilitado de fazer o trabalho de um ventre, de modo que logo estará em dores para vomitar toda a comida que deveria alimentá-lo.”

— Sêneca, Carta 47, Trecho 2

7. Cerque-se de pessoas que não te contaminam com seus vícios.

“Devemos selecionar moradias que são saudáveis não só para o corpo, mas também para o caráter. (…) Testemunhar pessoas vagando bêbadas ao longo da praia, as turbulentas festas, os lagos com música barulhentas e todas as outras formas em que o luxo, quando, por assim dizer, é libertado das restrições da lei não meramente peca, mas ostenta seus pecados publicamente, – por que devo testemunhar tudo isso?”

— Sêneca, Carta 50, Trecho 4

No trecho seguinte:

“Devemos cuidar para que fujamos para a maior distância possível das provocações ao vício. Devemos endurecer nossas mentes e removê-las das seduções do prazer.” 

— Sêneca, Carta 50, Trecho 5

8. Evite luxos. Prefira uma vida simples.

“Assim como é um sinal de luxo procurar finas iguarias, é loucura evitar o que é habitual e pode ser comprado a preço razoável. Filosofia exige vida simples, mas não de penitência; e podemos perfeitamente ser simples e asseados ao mesmo tempo.”

— Sêneca, Carta 5, Trecho 5

9. A fome pode ser sanada de forma fácil e com baixo custo.

“É fácil preencher poucos estômagos, quando eles são bem treinados e anseiam nada mais, a não ser serem preenchidos. A fome custa pouco.”

— Sêneca, Carta 17, Trecho 4
“A barriga não ouve conselhos; faz exigências, importuna. E mesmo assim, não é uma credora problemática; você pode despachá-la a pequeno custo, desde que somente você lhe de o que você deve, não meramente tudo que você poderia dar.”

— Sêneca, Carta 21, Trecho 11

10. A prática de se contentar com pouco te faz apreciar o que você tem.

 

“Considero, portanto, essencial fazer o que os grandes homens fazem com frequência: reservar alguns dias para nos prepararmos para a pobreza real por meio da pobreza imaginada (…). Nenhum homem nasce rico. Todo homem, quando vê pela primeira vez a luz, é condenado a se contentar com leite e trapos.”

— Sêneca, Carta 20, Trecho 13

11. O prazer dos seus exageros se transformarão em infelicidade.

“Nossos próprios prazeres tornam-se tormentos; banquetes trazem indigestão.”

— Sêneca, Carta 24, Trecho 16

12. Não coma ou beba como formas de preencher suas inquietudes e angústias.

“Nós, seres humanos, somos agrilhoados e enfraquecidos por muitos vícios; nós temos chafurdado neles há muito tempo e é difícil para nós sermos purificados. Não estamos apenas contaminados; nós somos tingidos por eles.”

— Sêneca, Carta 59, Trecho 9

 

“Todos os homens desta estampa, eu sustento, estão focados na busca da alegria, mas eles não sabem onde podem obter uma alegria que é grande e duradoura. Uma pessoa procura-a no banquete e na autoindulgência; (…) todos esses homens são desviados por delícias que são enganosas e de vida curta – como a embriaguez, por exemplo, que paga por uma única hora de loucura hilariante via doença de muitos dias, ou como aplausos e a popularidade da aprovação entusiástica que são obtidos, e expiados, à custa de grande inquietação mental.”

— Sêneca, Carta 59, Trecho 15

13. Se você sempre quiser mais, nem todos alimentos do mundo serão capazes de te saciar.

“O que, então? Será que a natureza nos deu barrigas tão insaciáveis, quando nos deu esses corpos insignificantes, que devemos superar os animais mais vorazes em ganância? De modo nenhum. Quão pequena é a quantidade que vai satisfazer a natureza? Um pouco vai mandá-la embora satisfeita. Não é a fome natural de nossas barrigas que nos custa caro, mas nossos desejos vorazes.”

— Sêneca, Carta 60, Trecho 3

14. Não espere que será fácil ou imediato mudar seus hábitos alimentares.

“Viver de acordo com sua própria natureza. Mas isso é transformado em uma tarefa difícil pela loucura geral da humanidade; nós impulsionamos um ao outro ao vício.”

— Sêneca, Carta 41, Trecho 9

15. Pratique o jejum e contente-se com uma alimentação mais escassa.

“Resistir a tudo isso por três ou quatro dias por vez, às vezes por mais, para que possa ser um teste de si mesmo em vez de um mero passatempo. Então, asseguro-lhe, meu querido Lucílio, que saltará de alegria quando obtiver um centavo de comida (…)” 

— Sêneca, Carta 18, Trecho 7
“Não há nenhuma razão, entretanto, para que você deva pensar que você está fazendo qualquer coisa grande; porque você estará apenas fazendo o que muitos milhares de escravos e muitos milhares de pobres estão fazendo todos os dias.”

— Sêneca, Carta 18, Trecho 8
“Comece então, meu caro Lucílio, siga o costume destes homens, e separe determinados dias em que você se retirará de seus negócios e ficará em casa com a alimentação da mais escassa. Estabeleça relações diplomáticas com a pobreza.”

— Sêneca, Carta 18, Trecho 12

16. Não se abstenha do prazer. Apenas não exagere!

“Mostra-se muito mais coragem permanecendo abstêmio e sóbrio quando a multidão está bêbada e vomitando; mas mostra maior autocontrole recusar-se a se afastar e fazer o que a multidão faz, mas de uma maneira diferente, portanto, não se tornando conspícuo nem se tornando um dentre as multidões. Pois pode-se guardar os festivais sem extravagância.”

— Sêneca, Carta 18, Trecho 4

Após a leitura recomendamos um exercício Simples:



1- Comer o que a natureza nos dá, o mais natural e da época possível e com os alimentos de cada estação;
2-Evitar comida que não ofereça nenhuma nutrição ao corpo;
3-Praticar atividades físicas, já que o nosso corpo não foi projetado para o ócio;
4-Dormir quando chegar a noite e não de madrugada;
5-Respeitar o frio e o calor a cada estação do ano e não fugir deles como se vivêssemos num só clima o ano inteiro,
6- Alimentarmos-nos e jejuar, em um equilíbrio entre o físico e o psicológico, cuidando sempre do corpo e da mente de igual modo.

Por fim, faça de Sêneca parte da sua rotina diária. Reserve alguns minutos por dia e leia uma carta. Tente digerir uma carta diariamente.

Tente descobrir e praticar os ensinamentos de Sêneca, e viver de acordo com a Natureza.

Afinal somos parte dela, e somente faz sentido viver consoante as suas regras.

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